31 de maio de 2013

Lusco-fusco

Meu amor, 
Foi o primeiro  lugar onde pousei minhas esperanças, 
Meu sentimento mais puro de devoção. 
Não consegui recolher meus defeitos a tempo 
De encostar nos seus 
Mesmo sendo tantas as qualidades em mim que almejavam enfeitar sua alma.
Vejo seus pés indo embora 
Em passos firmes 
Enquanto fico desajeitada, imatura e triste 
Porque sempre me falta um pedaço 
Quando as ondas rebentam lágrimas de sal. 
Meu amor, guardarei seu gosto em mim 
E seus olhinhos etéreos. 
As lições sobre coragem 
Naquela carta de próprio punho que poucos saberiam talhar. 
Recolho-me sem despedidas, 
Pois já vislumbro o ancestral vazio 
Das noites escuras deitando sobre mim. 
Crescem montanhas onde você derramou flor 
E o sentimento vai desfalecendo nos meus braços. 
Ser princípio não te faz o derradeiro, 
Mas marca seu rosto eternamente no meu coração. 
Então, posso gastar uma ou duas lágrimas contigo. 
Não posso?

26 de maio de 2013

Fogo-fátuo

Você me acende por fora 
Mas é incapaz de aquecer meus abraços. 
Queima como fogo irresponsável dentro de mim 
Num querer perto 
E numa repulsa temerosa. 
Não sei de você em mim 
Nem em lugar algum. 
Nem sei se são abençoados 
Esses passos que não crescem pra asas. 
Meu sonho premonitório 
Na noite insone, 
Você é muito menos do que pensei ser. 
Por que te anseio, então? 
Essa demência de engrandecer grãos estéreis que nunca pousarão raízes. 
Esse eterno encantamento aos pés da fogueira que apaga e alumia, 
sem nunca atingir o céu.